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Pleno de si

Você é feliz? O que é felicidade para você?

Todo mundo quer ser feliz e acredito que a maioria das nossas ações são para alcançar esse objetivo. Mas aonde está essa tal de felicidade que tanto procuramos e só encontramos eventualmente?

Infelizmente, não podemos ir ao mercado e pedir: “Por favor, poderia me dar 500 gramas de felicidade.” Felicidade não é uma coisa que pode ser mensurada, nem é um objeto. Às vezes, temos momentos felizes mesmo quando estamos tristes. Parece até um pouco paradoxal.

Podemos dizer que uma música nos deixa felizes. Particularmente, adoro Bossa Nova. Mas esse tipo de música pode desagradar uma pessoa que goste somente de punk rock. Inclusive, muitas músicas que me traziam felicidade no passado, hoje não me trazem mais. Então, não podemos dizer que nossa felicidade está nas coisas que gostamos, pois o nosso gosto muda o tempo todo.

O único ponto em comum em todos os nossos momentos felizes, somos nós. Logo, a felicidade não pode ser separada de nós mesmos. Não é algo externo. Quando temos uma percepção errada de quem somos, aparecem os sentimentos que nos fazem sofrer. E, definitivamente, o propósito da vida não é sofrer.

“Felicidade é aquilo que sinto quando esqueço do EU.” Essa foi uma frase que o Swami Dayananda disse em uma de suas aulas. Quando estamos identificados com o que nos limita, como o corpo, a mente, nossos sentidos, nossas experiências, isso pode nos deixar com complexos e perdemos a real compreensão de quem somos. Por exemplo, uma pessoa que tenha dentes tortos e encavalados, toda vez que alguém contar alguma coisa engraçada, ela vai rir mas com os lábios fechados pois sente complexo de seus dentes. Eles não são considerados bonitos e por isso ela não gosta deles. Mas, quando alguém conta uma coisa muitíssimo engraçada, por alguns instantes, essa pessoa se esquece completamente dos seus dentes, como se não tivesse nenhum complexo, e dá um sorriso escancarado, deixando todos os seus dentes tortos à mostra. Ficando feliz! Mas assim que se lembra de seus dentes tortos, ela volta a fechar a boca e sorrir com os lábios fechados.

Existe uma palavra chamada ānanda que significa plenitude. Plenitude não é felicidade e nem outra emoção que tenha princípio e fim. E, por isso, não existe nenhum sentimento que possa ser chamado de seu oposto, ao contrário de felicidade cujo oposto é tristeza. Ānanda não depende de prazer, de segurança e nem de riqueza. Ānanda é anānta, ilimitado, não começa nem termina. Essa é a natureza do Ser. Somos seres autoevidentes, sabemos que existimos, ninguém precisa nos falar que estamos presentes. Isso é o que chamamos de Ser, essa consciência que dá luz à existência do corpo e da mente. Por isso, quando reconhecemos que nossa natureza é ilimitada e plena e que não é esse corpo em constante transformação, que estabelece nossos limites, aí seremos felizes. Felicidade sem oposto, felicidade por Ser, plena, sem faltas, sem complexos, mesmo com momentos de tristezas.

Renata Mendes, especialista em autoconhecimento, empreendedorismo social e escritora.

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